Durante muito tempo falar em terceirização industrial era algo inconcebível no meio empresarial. Acreditava-se que quanto mais vertical fosse uma empresa, maiores seriam os seus ganhos.
No entanto, com o crescimento tecnológico e a globalização, a verticalização de uma empresa passou a ser questionada. Ou seja, até que ponto é válido uma empresa participar de toda a etapa produtiva de um produto?
O conceito de especialização passou então a ganhar força, mostrando que se uma empresa se concentra apenas na sua atividade fim, terceirizando as atividades meios, ela terá maiores ganhos com custo e produtividade. Entenda mais.
Entendendo o conceito de verticalização e horizontalização
Falamos até aqui sobre a verticalização de uma empresa, sem, no entanto, esclarecer o seu conceito. Por verticalização, entendemos que uma empresa procura deter toda a linha de produção do seu produto.
Vamos imaginar uma fábrica de chocolates. Para fazer o chocolate é necessário leite, nesse caso ao invés de adquirir o leite pronto, a empresa passa a produzir o leite que abastecerá a produção. Não obstante, ela também fabrica o alimento que será servido no almoço para o funcionário, e também é a detentora da frota que fará a entrega do produto.
Esse é um exemplo de uma empresa verticalizada. Agora imaginemos que essa mesma empresa compre o leite de outra, terceirize a alimentação, deixando isso a cargo de uma empresa especializada, e também contrate o frete de uma outra empresa especializada.
Nesse segundo caso a empresa é mais horizontal. Compreendendo isso, fica mais claro de entender que uma empresa vertical possui mais custos fixos do que uma empresa horizontal que possui mais custos variáveis.
A terceirização industrial como forma de redução de custo fixo
Se uma empresa vertical possui mais custo fixo, podemos então concluir que em uma queda da demanda, o prejuízo da empresa será maior do que se ela estivesse mais horizontalizada. Explico.
Vamos imaginar que a receita da empresa seja de R$1 milhão. Desse valor, 50% são custos variáveis, 40% custos fixos e 10% lucro líquido. Agora imagine que o faturamento dessa empresa caiu para R$600 mil.
Nesse caso, o custo variável cai junto, pois ele varia de acordo com a venda. Já o custo fixo não cai, portanto se o custo fixo era de R$400 mil representando 40% de R$1 milhão, agora esse custo fixo representa 66,66% do faturamento, pois (R$400 mil / R$600 mil)*100 = 66,66%.
Sendo assim, se 50% do custo é variável, dos R$600 mil irão sobrar R$ 300 mil de lucro bruto para a empresa. Como o custo fixo é de R$400 mil, logo faltará R$100 mil para fechar a conta. Ou seja, a empresa nessa queda teve um prejuízo de R$100 mil que dividido por R$600 mil, representa 16,66% de prejuízo.
Vamos agora considerar que essa mesma empresa decidiu terceirizar parte da sua produção, diminuindo o custo fixo e aumentando o custo variável. Sendo assim, em um cenário onde o faturamento é R$1 milhão, os custos fixos serão de 25%, os custos variáveis 65% e o lucro líquido de 10%.
Vamos imaginar agora que o faturamento caiu para os mesmos R$600 mil. Nesse caso, como o custo variável é de 65%, o valor correspondente será de R$390 mil. Sendo assim, sobra R$210 mil para se pagar o custo fixo.
Porém, nesse caso o custo fixo é de 25% relacionado a um faturamento de R$1 milhão, ou seja, o valor dele é de R$250 mil. Como sobraram R$210 mil de lucro bruto na empresa, faltou R$40 mil para pagar as contas. Logo a empresa teve R$40 mil de prejuízo, o que em porcentagem representa 6,66%.
Nestes dois gráficos acima está representando a diferença do custo fixo e variável quando a receita se altera.
Neste gráfico está representando a parcela de peso do custo fixo quando se altera a receita
Comparando os dois exemplos
Como pudemos ver, nos dois casos há um ganho igual quando o faturamento é de R$1 milhão, porém em uma queda de demanda, a empresa que possui mais custos variáveis teve menos prejuízo que uma empresa que possui mais custos fixos. Sendo que no primeiro exemplo o prejuízo foi de R$100 mil e no segundo de R$40 mil.
Por isso, em um mercado flexível onde os hábitos de consumo podem mudar muito, empresas mais terceirizadas tendem a enfrentar melhor as situações adversas. Além do mais, a terceirização ainda permite que a empresa torne-se mais especializada.
Dessa forma, investimentos tecnológicos tornam-se muito mais focados, o que aumenta ainda mais a produção e, por consequência, derruba ainda mais custos. Inclusive podemos destacar que há uma melhoria na qualidade do serviço.
Pois como todos os estudos e projetos relacionados à inovação tecnológica se darão somente sobre a atividade fim, o valor agregado do produto será bem maior. Ademais, também se tornará mais fácil de a empresa implantar o conceito de indústria 4.0, visto que será necessário robotizar menos etapas do processo produtivo.
Neste gráfico representa o percentual de lucro (prejuízo) entre as duas receitas, para demonstrar o ocorrido na finalização de cada caso.
A necessidade de ter boas parcerias para otimizar os ganhos
Compreendemos até aqui que a terceirização é importante para uma empresa melhorar a sua estrutura de custos. Porém, há um outro lado da moeda que precisa ser considerado: o comprometimento das empresas parceiras.
Pois se uma etapa do processo produtivo for terceirizada, mas houver uma falha da empresa parceira, todo o ganho será em vão. Como exemplo vamos imaginar que uma empresa terceirizou o frete para evitar custos com frota, mas as entregas aos clientes estão atrasando porque a transportadora não está cumprindo com o acordado.
Nesse caso, teremos uma insatisfação dos clientes, que por consequência pode impactar diretamente na queda de faturamento.
Desse modo, quando pensamos em todo o processo de lançamento de um produto, entendemos a necessidade de ter um bom planejamento na fase de prototipagem. Sendo que a rapidez no processo faz toda diferença no custo de lançamento do produto.
Por isso, ao terceirizar essa etapa do processo, é fundamental contar com uma empresa parceira que realmente honre os prazos acordados. Pois como tempo é dinheiro, atraso significa perda financeira para o cliente.
Isso vale para todas as etapas do processo, e é fundamental para uma empresa ganhar competitividade e dinamismo no mercado.